segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Matar ou Morrer (pt. 03 de 03)

Um soco... um golpe rápido, desferido pelo braço, tendo como ponto de impacto o punho, normalmente fechado...
Máfiosos que brigam muito tendem a usar soqueiras, o que agrava um pouco mais o local de "pouso" do punho...
Não queria, não queria mesmo machucar meu primo... mas não deixou-me escolha...
O nariz provávelmente nunca mais será o mesmo, se é que vai voltar a ser usado... tamanha minha fúria, não dosei a força, e mesmo que fosse muito franzino, o impulso que dei para voar diretamente no nariz de Carlo definitivamente faria o mesmo estrago que
Rocky Marciano no auge da carreira...
Junto ao meu soco, foi todo meu peso para cima de Carlo, que mesmo sendo algo próximo a um gorila, caiu e bateu a cabeça de forma muito forte no chão, criando um "ovo" na parte de trás da cabeça... quando achei que continuaria no meu frenesi, sinto a força do couro italiano vindo diretamente na boca do meu estomago, um chute digno de
Bruno Conti ... o mal estar causado pela força do chute me faz encolher-me, como uma criança com medo, torcendo para que acabe logo esse tormento... a ultima coisa que sinto é o que acredito ser uma coronhada na nuca... apago....

Ópera... mente quem diz que todo italiano gosta de ópera... ou mesmo musica clássica... lembro de meu pai ouvir esse tipo de musica quando tinha momentos mais intimos com minha mãe... ou quando estava zangado demais por que o Giuseppe Chiappella escalava mal o
"Societa Sportiva Calcio Napoli" ...

"Volto a vida" ouvindo ópera, e se todo meu desgosto com a musica já não fosse o bastante, a gravação péssima de um
Luigi Denza definitivamente não ajuda a passar a sensação de ansia causada pelo chute no estomago... incrivelmente a dor na cabeça não era maior que a da boca do estomago...
Volto os olhos por todo o cubiculo em que estou "jogado", e nada vejo alem de pequenos filetes de luz vindos do teto... acredito estar no porão, ou em algo parecido com tal, já que o cheiro putrito das madeiras que do teto até o chão (pelo menos, até onde consigo enxergar) fazem deste cubiculo minha "gaiola" é algo realmente muito próximo ao cheiro de cadáver...

Pela primeira vez creio arrepender-me de ter feito algo sem pensar, sem medir as consequencias... "arrancar a cabeça dele e andar com ela na cintura..." por mil demonios... antes tivesse dado um tiro em minha própria cabeça...

Matar ou morrer, as vezes, realmente, não temos opção, e nesse caso, se realmente tivesse como escolher, definitivamente não sei qual a opção seria a menos pior...


(Fim da parte 03...)

Fim do primeiro capitulo

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